quinta-feira, 11 de agosto de 2022

How happy I was if I could forget

 

How happy I was if I could forget


How happy I was if I could forget
To remember how sad I am
Would be an easy adversity
But the recollecting of Bloom

Keeps making November difficult
Till I who was almost bold
Lose my way like a little Child
And perish of the cold.






segunda-feira, 25 de julho de 2022

De novo me hei-de levantar!

As crianças acham sempre que os adultos sabem tudo! Ainda que qualquer adulto saiba que certezas como as que teve na infância nunca terá novamente. Na infância achamos que temos ainda tanta coisa para aprender, perguntamos sem parar o porquê das coisas, temos uma curiosidade insaciável que desnorteia e cansa os que nos rodeiam, mas que mostra também um espírito esponjoso, expansivo e aberto como não voltaremos a experimentar na vida.

Na infância, sabemos quem é a nossa pessoa preferida, o nosso melhor amigo, que o rapaz que nos puxa o cabelo gosta de nós, e que a miúda que não nos deixou saltar ao elástico é má e não é nossa amiga...

Na infância não há cinzentos! Há preto ou branco! Certo ou errado! Sabemos quando somos nós que fizemos asneiras e quase sempre como as evitar... ironicamente não nos percebemos que temos mais certezas que os crescidos. A acrescentar isto os crescidos mentem muito, por isso mesmo que se pergunte o que se quer saber nunca se sabe se a resposta é de facto a verdade...

Neste mundo tão mais complexo dou-me por perdida. Sinto sempre que nasci velha, que sabia muito mais o que queria até aos 30 do que depois dos 30. 

Os 30, aquela marca imaginária na qual as pessoas no início dos 20 pensam que têm de ter a vida organizada... Pois bem chegaram e nada mudou, não me lembro da transição, mas algures no avançar dos 30 a vida veio, coisas muito boas e muito más e dei comigo a perder o chão, as certezas, e de momento mesmo o rumo.

Para outra pessoa talvez isto não fosse um problema, mas para a maniacazinha do controlo que vive em mim não saber o que faço, como faço, o que escolher, e a vida e futuro que quero ter é francamente  uma catástrofe. 

Voltei a escrever por isso; sempre me ajudou a organizar os pensamentos, ainda que francamente não tenha a certeza se será de alguma ajuda no momento em que me encontro para mim ou para alguém que leia isto. 

A única coisa de que posso servir é de exemplo para alguém que aos 37 não tem  como certo quase nada na vida.

O doutoramento atrasou, a menos de 9 meses da data final encontro-me à espera da base de dados que preciso para terminar (não está nas minhas mãos e já espero há cerca de dois anos por esta base de dados).

O meu casamento tem andado pelas ruas da amargura ao ponto de termos decidido desistir há dois meses, de momento no meio de negociações para ver o que decidiremos mesmo, é ainda uma incógnita em que caminho seguiremos e se conseguimos um futuro juntos como optimisticamente decidimos quando nos decidimos casar...

 (Um aparte, mas as únicas pessoas que vejo venerar a ideia de casamento são os meus amigos que ainda não o experimentaram, e se encontram agora na ideia de iniciar essa aventura,  parece pessimista, mas fora do facebook no sítio onde as relações são reais em vez de kodak tudo dá muito mais trabalho e parece muito mais destinado a trazer problemas do que algum dia anteviríamos).

A minha saúde anda miserável e tudo o anterior fez-me recentemente desenvolver crises de ansiedade que terei de encontrar uma forma de resolver (provavelmente psicólogo e medicação).

Aos 37 vejo a vida para a qual lutei tanto e que tanto planeei deslizar como se de um aluimento de terrenos numa enxurrada se tratasse... E qual é a solução para isto? Que certezas tenho?

Muito poucas... mas em sumário poderia dizer que tudo o que desce sobe e vice versa, o que quer dizer que no fim de tudo hei-de encontrar maneira de sobreviver a isto tudo, de sarar as feridas e de conhecer de novo a pessoa que toda esta pressão forjará. O meu novo Eu, não necessariamente melhor ou piro, só diferente... No final de mais esta grande queda de novo me hei-de levantar!




quarta-feira, 20 de julho de 2022

Asas ou raízes?

Senti hoje uma vontade renovada de escrever, não só de escrever para mim como muitas vezes escrevo mas antes com coragem de voltar a partilhar estes pensamentos negros, tortuosos, estranhos ou simplesmente idiotas que tão frequentemente me assolam e que são um pouco o fio condutor da minha escrita.

Dei-me conta que a minha última publicação foi há mais de um ano e que foi algo muito negro ao que se seguiu um período de reclusão nesse campo.
Também hoje não escrevo com o espírito mais livre possível, mas antes como se uma nuvem rodeasse os meus pensamentos turvando-os, não me deixando ver se o que escolhi está certo e que escolha fazer no futuro e mesmo no imediato.

Falar com duas amigas que se encontram também em momentos difíceis fez-me refletir sobre estas coisas, e senti este desejo de partilhar, de ouvir outros, de saber se sou só eu, ou se de alguma forma é a condição humana que se espelha no meu pensamento.

O Doutoramento é um fardo pesado nas cabeças de quase toda a gente que conheço, para mim não tem sido exceção... Mas às vezes penso se não será antes a vida. 
 Se me tivessem perguntado aos 30 se ia mudar, eu juraria a pés juntos que não, que seria eu sempre mais ou menos a mesma.

Pois passados 7 anos sinto-me tão diferente que se alguém que não me vê desde os 30 me conhecesse novamente  provavelmente fora o exterior não me reconheceria.
Sempre fui uma pessoa de raízes, do género em que a casa e o passado tem a maior importância, fui uma adolescente prematuramente idosa. Para agora me ver na meia idade a pensar mais em me tornar uma pessoa com asas. Alguém virado mais para o Futuro que para o passado.

O tempo com a sua passagem tem a magia de nos fazer ver que tudo é mutável, que o que hoje nos causa lágrimas será em alguns anos um motivo de riso, que aquilo que nos orgulha de momento será algo que em algum tempo veremos com arrependimento, a lista continua de forma exaustiva.... A verdade é que todos fazemos as nossas escolhas pelo melhor, mas nem o tempo nos diz se as escolhas que fizemos foram as mais acertadas... Num livro da Alice vieira que li há muitos anos havia uma frase a dizer que o mundo gira à volta dos "ses". E é um pouco isto. Era tão mais fácil SE os SES fossem acertos... Como SE saber SE o que SE escolhe é de facto o correcto, SE em última instância perseguindo o que queremos não perdemos o que temos. Ou SE escolhendo o seguro, as raízes não perdemos uma vida muito mais cheia plena ...

Mas mudei e pouco posso fazer em relação a isso... Sou Hoje muito mais uma pessoa com asas que  com raízes...





terça-feira, 25 de maio de 2021

Escuridão

 

A outra que nao sou

 

Podia ter sido outra,

Que não sou!

 

E olho agora para o passado,

Nesta casca esfarrapada.

 

Para quem podia eu ter sido e não fui,

Para a palavra doce que não disse,

Para a mão que não estendi,

Para o sorriso que escolhi morrer antes da face,

Para todas as vezes em que escolhendo mostrar a alma a escondi!

 

Para todas as vezes que covardemente fugi,

Para o  abjecto que fui quando podia ter sido grande,

Para a mulher rato que habita em mim,

Para a cobra que sou a rastejar

Para a Fiona que no espelho ri!

 

Como queria eu  ser melhor...


Despir me!


Deste mal que me arrasta,

Deste ego que me sufoca,

Deste vicio que me aprisiona..

 

Como queria ser a flor que desabrocha,

O Cisne que cresce branco,

A lagarta que em borboleta se transforma.

 

Mas este passado repetido

Deu  parto ao   presente...

Um presente em que vivo no que podia ter sido,

Mas nao fui!

 

Eva Maria Valerio de Sousa








 

 

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Como não apoiar a escravatura moderna

Eu hoje li um artigo sobre as marcas que nos dias de hoje foram associadas a escravatura moderna, isto ouve-se de tempos a tempos mais ligado ao mundo da moda e por isso eu tenho tido nos últimos anos uma abordagem diferente à forma como compro coisas.

Sendo que já há 3 anos compro cerca de 80% da minha roupa em segunda mão.
Faço isto por ser menos poluente, por estas questões ligadas ao trabalho infantil e muitas vezes tem ainda a vantagem de ser mais barato se não for em lojas especializadamente vintage.

As excepções que abro costumam ser na roupa interior, nas coisas do casamento (se bem que comprei um véu em segunda mão e os meus sapatos também foram comprados numa loja da caridade apesar de serem novos) e muitas vezes em calças porque é difícil encontrar o que me sirva.
Ligando isto aos acontecimentos do momento, é horrível que o nosso país tenha contribuído tanto para a escravidão, contudo se pelo passado não podemos fazer muito, podemos tentar no presente, e a maioria das medidas são simples e não dolorosas, podemos começar por não suportar muitas das marcas que assentam na escravidão e também na exploração de pessoas em países asiáticos.

Formas de fazer isto:

-procurar marcas alternativas a estas às conhecidamente ligadas a trabalho escravo
-Nas roupas certificarmo -nos do país de origem ver no made in (quando feito na Europa obedece às normas, e nem sempre é mais caro a C&A é uma das marcas que sendo barata aposta muito em ter produção Europeia ainda hoje)
-Comprar segunda mão, eu sei que muita gente acha isto nojento mas se formos sinceros vemos que a maioria das roupas que trazemos de lojas foram já elas experimentadas, por isso fazer a roupa ter um ciclo maior de comprar/doar/vender é uma boa ideia, protege o planeta e as pessoas,
-Quando possível apostar em produtos de comércio justo, por exemplo no Lidl um dos açúcares é de comércio justo, nestes é garantido que uma grande parte do dinheiro vai para o produtor que não é explorado com margens irrisórias
-Apostar em marcas mais pequenas de onde se sabe a origem.
-Eu adoro roupa e acaba por ser a área onde é mais fácil ser divertido ter estes cuidados. Deixo-vos com fotografias minhas com modelitos em que quase tudo foi comprado em segunda mão a maioria delas na OXFAM que apoia o desenvolvimento em outros países:

O Top, ocasaco de crochet, os brincos, as calças, o relógio e sapatos foram todos comprados em 2ª mão.
Excepção a carteira que tenho há algum tempo já e a roupa interior que compro sempre nova.


O top foi comprado em 2ª mão.



A carteira veio duma loja em 2ª mão.



Vestido e sapatos comprados em 2ª mão.


Vestido e sandálias comprados em 2ª mão.



quarta-feira, 3 de junho de 2020

Acerca da imagem negra na luta contra o racismo


O que vou aqui escrever vai ofender muita gente, vou provavelmente ser insultada e catalogada como racista sem o ser, mas os meus pensamento de ontem foram estes:

Fazer-se do racismo uma coisa esquerda direita, está errado, deve ser um problema a resolver globalmente e todos os partidos que apoiem abertamente iniciativas racistas devem ser chamados à responsabilidade pelas coisas que dizem, acredito que muitas pessoas de direita não serão racistas; (como sou de esquerda posso dizer isto).

Achar-se que uma imagem preta de perfil mostra o sentimento e sentir se um dever cumprido, não mostra (não sou contra a imagem, mas não a coloquei por incomodou-me ver pessoas abertamente racistas a fazerem-no, muitas seriam as mesmas que pediriam para libertar o agente português que matou a criança cigana, ou que pediriam uma lei específica anti-ciganos, ou que falam mal das pessoas chineses e negras abertamente, chamam monhés aos sul asiáticos... tudo isto é racismo) (sei que não são todos os casos das pessoas que aderiram e que muitos o fizeram com a melhor intenção mas não pude deixar de sentir isto).

O melhor seria talvez que em cada situação de racismo que acontece à nossa frente a evitemos ou pelo menos falemos contra ela ( a vida é no mundo real), se virmos alguém insultar alguém pela cor, religião formato dos olhos, origem geográfica que entendamos que são pessoas, todos somos e todos deveríamos ter o mesmo valor para a sociedade. Muitos dos casos de racismo mais evidentes que vi foi na integração dos meus antigos estudantes que chegavam de África e em como eles tinham a vida mais difícil do que os outros miúdos e às vezes ainda eram um pouco ostracizados de alguns grupos. E em como muitas vezes isto era quase visto como natural e me incomodava por isso.

A morte de Georg Floyd foi trágica, ninguém discute isso, mas são igualmente trágicas as mortes que lhe seguiram em protestos violentos. Condeno veemente o racismo, a xenofobia, a discriminação com base na religião, mas não consigo estar de acordo com a quantidade de polícias mortos nas manifestações, nem com o vandalismo que está a acontecer por isto. Isto não é um combate ao racismo e muito provavelmente vai ainda polarizar mais a população americana, que já é polarizada o suficiente para ter eleito uma pessoa como o Trump a presidente.

A sara Sampaio basicamente acabou com a carreira duma jovem actriz só porque ela achou que apesar de ser anti-racismo a imagem preta não é a solução e não aderiu, eu pensei o mesmo e a dada altura entendi que a imagem, mais do que uma luta contra o racismo tornou-se numa obrigatoriedade para a pessoa se identificar como não racista
Acho que nos devíamos todos esforçar mais por erradicar isto no mundo real, em vez de sentir que por partilhar algo na net temos o dever cumprido, contra mim falo, também partilho estas coisas na net até à exaustão mas estou a mudar a forma de ver o problema.

Deixo aqui a notícia da Sara Sampaio que me revoltou. O racismo é mau e a censura num caso em que não havia nenhuma manifestação de racismo que acaba com a carreira da miúda também.


sexta-feira, 24 de abril de 2020

5 anos com o Loiro...

No próximo domingo dia 26 de Abril fará 5 anos que eu conheci o Loiro. Foi também num domingo, solarengo que passeámos NO Parque das Nações juntos pela primeira vez.

Ele meteu-se comigo na internet e combinámos encontrarmo-nos para nos ajudarmos mutuamente a aprender línguas. Eu queria aprender alemão, andava farta de tentar convencer as minhas amigas de se meterem num curso de alemão comigo sem sucesso, o Loiro queria melhorar o português.

Esta semana lemos juntos estas primeiras conversas que tivemos na internet. Ele guardou-as e enviou-mas. E foi engraçado ver como começámos a falar.

A minha primeira impressão quando o vi foi de que ele era muitíssimo atraente.  Logo de imediato tínhamos imensas coisas em comum, ambos falamos múltiplas línguas, o Nick estudou Engenharia Biomédica e eu estava a fazer o doutoramento nessa área. Ambos adoramos viajar mas mais viagens de aventura que de praia, lemos imenso... De uma forma totalmente natural e amigável a conversa fluiu. Eu estava numa fase em que me sentia bem estando solteira, andava sempre a fazer coisas novas e diferentes com amigos meus e andava feliz, de modo que nunca pensei que passássemos além do ficarmos amigos.

Na segunda vez em que decidimos ir estudar juntos, fomos passear  na baixa  e ele perguntou-me se queria ir a um jardim que ele conhecia. Eu disse que sim. Fomos para o Jardim da quinta das conchas, sentámo-nos na relva e ele começou a mexer-me numa pulseira, sem dizer absolutamente nada, só a olhar para mim. Acho que provavelmente pela primeira vez na vida perdi as palavras. Saímos do Jardim já de mãos dadas.

Eu contei às minhas amigas que tinha começado esta relação mas que não esperava que durasse além do Verão. Ele parecia tão diferente do que eu sempre achei que seria o ideal para mim. 

Felizmente estava enganada. Logo no primeiro mês o Nick decidiu ler o Orgulho e Preconceito por ser um dos meus livros preferidos e isso fez-me ver um Homem que punha esforço em coisas que parecem parvas e pequenas mas que a mim me fazem feliz. Apaixonei-me pelo que havia para além do cabelo Loiro, dos olhos azuis, do corpo jeitoso...

 Eu ainda hoje acho que não temos a relação mais normal do mundo, mas acho também que são as nossas diferenças que nos fazem resultar como casal. Que é o facto de ambos sermos instáveis que nos ajuda a compreender o outro e a apoiá-lo nos seus sonhos e esperanças de uma forma que talvez outras pessoas não entendam, que o facto de eu ser muito extrovertida e ele muito introvertido trazem um certo balanço e que moderam o melhor e o pior de cada um de nós.

Uma das provas que nos fez mais fortes enquanto casal foi o facto de eu decidir  vir para o UK, toda a gente  nos disse que nos separaríamos, as pessoas diziam me abertamente  que eu conheceria novas pessoas e que não ia resultar. Que nós não éramos um casal muito estável e que as tentações nos separariam.

Se há tentações ao estar longe... Há! Conheci imensas pessoas interessantes.  Mas como em tudo na vida também há tentações quando se está perto. O que determina se os casais permanecem juntos ou se separam não é a ausência de dificuldades. É antes o escolhermo-nos um ao outro todos os dias, especialmente quando as coisas não são fáceis. As relações não resultam pela paixão. A paixão vai e vem e tem altos e baixos. E quando se segue unicamente a paixão está-se destinado a que fracasse quando esta acabar. As relações resultam  em função do comprometimento. Resultam se ambas pessoas decidirem que é para resultar e se empenharem verdadeiramente nisso. Nisto eu sou muito tradicional, acredito em tentar fazer tudo resultar antes de desistir. Às vezes funciona contra outras vezes a favor.

Neste caso funcionou a favor. Não sei o que o futuro nos reserva, mas desejo muito mais do que os próximos 5 juntos. Neste momento mal posso esperar para poder voltar a estar com ele. 

Eu tenho uma personalidade independente e combativa, mas mesmo eu preciso dum porto onde me abrigar nas tempestades, e descobri no  Nick o meu porto.







How happy I was if I could forget

  How happy I was if I could forget How happy I was if I could forget To remember how sad I am Would be an easy adversity But the recollecti...